DRACO2 desarticula esquema de desvio e venda irregular de vacinas do SUS em Cacoal
DRACO2 desarticula esquema de desvio e venda irregular de vacinas do SUS em Cacoal
Cacoal (RO), 19 de agosto de 2025 – A Polícia Civil de Rondônia, por meio da 2ª Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO2), com apoio do Ministério Público do Estado, deflagrou nesta terça-feira (19) a Operação “A Última Dose”, que investiga um esquema de desvio e comercialização irregular de vacinas destinadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) no município de Cacoal.
Segundo as investigações, uma empresa privada de vacinação, em conluio com servidores públicos municipais, estaria envolvida em uma organização criminosa voltada ao desvio de imunobiológicos públicos, em especial da vacina BCG.
Mandados e apreensões
A operação cumpriu mandados de busca e apreensão em residências de investigados, na sede da clínica privada, na Secretaria Municipal de Saúde e no Centro de Especialidades Reunidas II (CER II). Foram recolhidos documentos, computadores, registros contábeis e outros materiais que podem comprovar a extensão do esquema.
Além disso, a Justiça determinou medidas cautelares que proíbem os investigados de manter contato entre si ou com testemunhas, e também restringiu o acesso dos mesmos a unidades de saúde municipais, exceto em casos de atendimento médico pessoal.
Venda ilegal de vacinas
As apurações da DRACO2 revelaram que a clínica investigada aplicava irregularmente doses de BCG destinadas exclusivamente ao SUS, cobrando R$ 200 por aplicação de um imunizante que deveria ser fornecido gratuitamente pela rede pública.
O caso ganhou maior proporção quando se descobriu que dois lotes da vacina BCG, fabricados pelo laboratório indiano Serum Institute e enviados pelo Ministério da Saúde para Rondônia em março e maio de 2023, foram aplicados na clínica meses depois. Cartões de vacinação comprovam a utilização desses lotes na rede privada.
Vale destacar que, desde maio de 2023, o Ministério da Saúde havia suspenso a disponibilização da BCG para compra pela rede privada, o que torna ainda mais suspeita a origem das doses aplicadas.
Risco à saúde pública
A situação é considerada grave, já que a vacina BCG é essencial para prevenir formas graves de tuberculose em crianças. Com a manipulação irregular das doses, há risco de falhas na cadeia de frio e ausência de controle de qualidade, colocando em perigo a saúde da população.
As investigações continuam e buscam identificar outros envolvidos, além de calcular os prejuízos causados ao sistema público de saúde. A análise dos materiais apreendidos pode revelar ainda a participação de novos suspeitos e a prática de crimes conexos.
Declaração oficial
O Delegado-Geral da Polícia Civil, Jeremias Mendes de Souza, destacou a gravidade do caso:
“Este é um crime que atinge diretamente a saúde das nossas crianças e desvia recursos que deveriam beneficiar toda a população. Não vamos tolerar que transformem a saúde pública em negócio privado.”
📌 Reportagem: Jandir Gonçalves – Jornalista🌐 SeLigaCacoal.com.br | SeLigaRondonia.com.br