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Joinha antes da morte: traição, vingança e um crime que chocou Sorriso

Sorriso, MT — Redação Especial

Em um trágico emaranhado de amor, traição e vingança, a cidade de Sorriso, a 420 km de Cuiabá, se viu no centro de um caso de homicídio que desafia qualquer roteiro de ficção. O assassinato de Ivan Michel Bonotto, 35 anos, ocorrido após uma série de golpes de faca dentro de uma distribuidora de bebidas, revelou um drama familiar e amoroso envolvendo um casal de empresários e a relação extraconjugal que teria selado o destino da vítima.

A investigação, batizada de Operação Inimigo Íntimo , foi deflagrada na manhã desta terça-feira (15) e resultou na prisão de três pessoas: a médica ginecologista Sabrina Iara de Mello, seu marido, o empresário Gabriel Tacca, e o autor dos golpes, Danilo Guimarães.

O caso remonta ao dia 22 de março, quando Ivan deu entrada no Hospital 13 de Maio após ser brutalmente esfaqueado na distribuidora de bebidas de propriedade de Gabriel. Nos primeiros depoimentos, o empresário negou qualquer envolvimento, alegando que o crime teria ocorrido durante uma briga de bar entre desconhecidos. O autor do ataque também apresentou versão semelhante, afirmando ter agido em legítima defesa.

Mas, com o avanço das investigações, os fatos começaram a desmontar as versões iniciais.

Relação proibida e um gesto provocador
Treze dias antes do crime, no dia 9 de março, câmeras de segurança flagraram Ivan saindo da residência de Sabrina, trajando um baby doll preto, após um encontro amoroso. As imagens, captadas às 15h49, mostram os dois em despedida carinhosa. Ele monta na motocicleta, troca carícias e, antes de partir, dirige um “joinha” para a câmera — um gesto que, na época, parecia um simples registro de intimidade, mas que agora ganha contornos simbólicos de deboche e arrogância.

Era evidente que o relacionamento entre Ivan e Sabrina ia muito além de um simples caso. A investigação revelou que a vítima, que residia em Tapurah, sempre que vinha a Sorriso se hospedava na própria casa do casal. Um detalhe que escancara a proximidade entre as partes e torna ainda mais dramática a trama que culminou no assassinato.

Um crime planejado
A polícia apurou que Gabriel descobriu a traição da esposa com o amigo e decidiu agir. Contratou Danilo Guimarães para executar Ivan, simulando um desentendimento fortuito em um bar. Porém, as imagens de segurança da distribuidora provaram o contrário: Ivan foi atraído até o local por Gabriel e surpreendido por trás, sem chance de defesa.

Após o ataque, a vítima chegou a ser internada e apresentou uma melhora inicial, mas sofreu uma parada cardiorrespiratória no dia 13 de abril e não resistiu.

A tentativa de encobrir o crime
Mas o caso não terminou com o golpe fatal. Sabrina, médica do hospital onde Ivan foi atendido, chegou à unidade de saúde apenas quatro minutos após a entrada da vítima. Segundo a polícia, ela teria usado sua posição profissional para ter acesso ao celular de Ivan, apagando fotos, mensagens e até um vídeo que comprometeria seu envolvimento.

A médica só devolveu o aparelho à família três dias depois, alegando ter deletado conteúdos para proteger a imagem de Ivan. Uma explicação que não convenceu os investigadores.

“Essa foi uma das partes mais graves do caso. A investigada não apenas teve participação direta no crime, mas também foi a mentora de uma tentativa sistemática de manipular o processo investigativo”, afirmou o delegado Bruno França, responsável pela apuração.

Mandados cumpridos e investigações em andamento
Nesta terça-feira, cinco ordens judiciais foram cumpridas: duas prisões temporárias, três mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares. Os crimes apurados incluem homicídio qualificado e fraude processual.

A Justiça de Sorriso determinou as medidas após análise das provas colhidas durante meses de investigação, incluindo registros de câmeras, conversas interceptadas e depoimentos contraditórios.

O caso segue sob sigilo, com novos desdobramentos possíveis. A polícia trabalha para esclarecer todos os detalhes do crime e a possível participação de outras pessoas nos fatos.

A história de Ivan, que começou com um gesto debochado diante de uma câmera de segurança, terminou em tragédia. Mas, ao que tudo indica, a verdade, por mais dolorosa que seja, está finalmente vindo à tona.

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